terça-feira, 2 de outubro de 2018

A lenda da cigana Hortência


Corsário Zulmiro e Cigana Hortênsia

Um das lendas urbanas mais famosas do Paraná é o causo do pirata Zulmiro e de seu tesouro que foi enterrado num dos túneis subterrâneos do bairro das Mercês, na cidade de Curitiba. Existem várias versões para este causo, a mais romântica é que Zulmiro chamava-se na realidade Summers e era um corsário inglês, uma espécie de militar que era pago para abater os navios dos piratas maus. Reza a lenda que Summers e seus soldados invadiram um navio-pirata que estava carregado de tesouros roubados. Mas, Summers se apaixonou por uma cigana que estava dentro da embarcação, desembarcou no porto de Paranaguá, pegou um dos baús e fugiu com esta donzela para Curitiba, onde enterrou o tesouro. Vamos ler esta lenda abaixo: Há muitos anos atrás, na Europa existia uma cigana chamada Naranda, que não conseguia engravidar. Certo dia, a sua caravana parou em frente a um jardim de hortênsias. Assim, Naranda aproveitou a tranquilidade para orar e oferecer um lenço para a padroeira dos ciganos: - Santa Sara Kali, ofereço-lhe este lenço abençoado... Por favor, faça com que eu engravide! Se eu ficar gestante de uma menina, ela se chamará Hortênsia como as lindas flores deste jardim. Algum tempo depois Naranda engravidou e teve uma menina com lindos olhos azuis. Conforme a promessa ela batizou a garota com o nome de Hortênsia. A pequena cresceu em beleza e tornou-se uma linda mulher. Desde criança esta menina gostava de tudo que era relacionado ao mar: água, peixes, areia, navios e principalmente piratas. Hortência gostava de histórias sobre corsários e o seu sonho era se casar com um, apesar de saber que uma cigana só pode se casar com outro cigano. Certo dia, a caravana parou perto de um porto e os ciganos se apresentaram no local. As mulheres dançaram com lenços, leques e pandeiros para o público. Porém, no meio da plateia havia um conde mau que se apaixonou a primeira vista por Hortênsia e mandou raptá-la. Assim, naquela noite homens encapuzados invadiram o acampamento e levaram Hortênsia, que foi colocada como prisioneira dentro do porão do castelo do conde. Porém, a cigana tinha uma lixa mágica escondida na saia e lixou as grades. Então, ela saiu correndo em direção ao acampamento, mas notou que não havia mais ninguém lá. Logo, esta moça percebeu que os guardas do conde estavam a perseguindo. Deste jeito, a jovem fugiu até o porto e se escondeu no porão de um navio sombrio que logo partiu. Naquele porão ela notou que existiam tesouros nos baús. Mas, de repente, esta moça escutou um barulho e se escondeu dentro de um baú vazio. Porém abriram o baú e Hortênsia viu uma mulher e um pirata com um papagaio no ombro. Desta maneira o homem perguntou: - Quem é você? O que está fazendo aqui? Pois, saiba que iremos jogá-la aos tubarões. A donzela respondeu: - Por favor, não me matem. Eu sou a cigana Hortênsia... De repente a mulher interrompeu: - Você é cigana? A jovem respondeu: - Sim! Desta maneira, a mulher continuou: - Eu sou Beth a esposa, do pirata Ricardo, chefe deste navio. Você sabe jogar tarô e ler o futuro nas mãos? Hortênsia respondeu: - Sim. Beth indagou: - Poderia fazer estas coisas para mim e para as esposas dos outros piratas? A donzela respondeu: - Claro. A mulher explicou a Ricardo: - Por favor, não jogue a cigana no mar, pois ela não é perigosa. Devemos ter medo apenas dos corsários ingleses que se dizem piratas, mas são pagos para abater os navios de nós, os piratas verdadeiros. Então Hortênsia leu a sorte das pessoas do navio e ajudou nas tarefas domésticas. Porém, de repente, todos ouviram tiros de um canhão. Logo um dos piratas gritou: - São os corsários ingleses! Desta maneira uma grande batalha começou até quando os corsários ingleses invadiram o navio dos piratas e tomaram o comando da situação. Assim, no meio daquela confusão, o corsário Summers olhou para Hortênsia e se apaixonou por ela. No desespero, a donzela disse: - Por favor, não me mate, pois eu não faço parte do grupo de piratas. Sou apenas uma cigana... O rapaz perguntou: - Você aceita fugir comigo? A jovem disse: - O que? Summers repetiu: - Você aceita fugir comigo? - O navio irá desembarcar daqui a pouco no porto de Paranaguá. Podemos pegar um baú de tesouros e irmos até a Vila Nossa Senhora da Luz... A cigana exclamou: - Sim, eu aceito! - Vamos embora logo! Então, o corsário pegou um dos baús e fugiu com Hortênsia para a Vila de Nossa Senhora da Luz, que hoje é Curitiba. Lá, Summers mudou seu nome para Zulmiro, já que estava sendo procurado pela justiça inglesa. Ele gastou uma parte do tesouro, porém a outra metade ele enterrou num dos túneis, que os jesuítas construíram no bairro das Mercês. Reza a lenda que este baú está emparedado nos subterrâneos, mas que um dia será achado e que os fantasmas de Zulmiro e Hortência passeiam no Bosque Gutierrez nas noites de lua cheia.

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